Angostura: a beleza sob as cinzas…

Caminhando nas ruas cheias de cinza em Villa la Angostura
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Cinzas vulcânicas, no centro de Villa la Angostura, em 2011Quando eu cheguei em Villa la Angostura no último domingo, dia 31 de julho, minha garganta ficou seca. Eu lacrimejei, chorei e quis voltar na hora para Bariloche. Afinal, essa era minha 5ª viagem a Villa, lugar que amo, que ocupa um lugar mais do que especial em meu coração. Mas dessa vez, tudo estava diferente.

Como foi a erupção do vulcão Puyehue

Minhas lágrimas eram por causa da situação deixada pelo vulcão Puyehue, que entrou em erupção no dia 4 de junho. O relato dos moradores de Villa é impressionante: naquele dia, às 4h da tarde, um sábado de sol virou noite em poucos minutos. Em pouco tempo, pedras pomes ainda quentes começaram a cair dos céus. Todas as lojas fecharam suas portas, as pessoas foram para casa e escutaram uma tempestade a noite inteira: a tempestade não era de chuva, mas os trovões, ventos e raios vinham do vulcão. A noite toda caiu areia do céu e no dia seguinte, uma visão desoladora: tudo era cinza. Villa la Angostura, conhecida por ser o jardim da patagônia, havia perdido suas cores e não havia mais o abundante verde: só cinzas, que cobriam casas, ruas e árvores.

A destruição causada pelo vulcão

E o que eu vi naquele 31 de julho era uma consequência disso aí. Em Bariloche, eu tinha me deparado com alguns montinhos de cinzas em algumas ruas, a cidade estava um pouco mais suja, mas era só.

Em Villa, montanhas e montanhas de cinzas espalhadas. Alguns restaurantes e cabanas, feitos com tanto capricho, estavam com cinzas cobrindo o teto, isso porque vários moradores e empresários abandonaram tudo e desistiram de uma limpeza que não tem fim.

Cinzas vulcânicas, no centro de Villa la Angostura, em 2011
Cinzas vulcânicas, no centro de Villa la Angostura, em 2011

Quando eu cheguei na Cabanas la Estancia, onde já tinha ficado hospedada há 2 anos, chorei. O belíssimo jardim em frente as cabanas tinha virado um mar de lama… Olha aí embaixo as fotos, uma de dois anos atrás e outras de agora, para comparar…
Cabañas la Estancia sem cinzas, em 2009

Cabañas la Estancia depois da erupção do vulcão, em 2011

Mas todo dia, dois trabalhadores armados com pás tiravam a cinza do chão e o jardim lindo ainda verde surgia. Nos 4 dias em que ficamos lá, vimos muita mudança. Os donos estão confiantes na volta do jardim antigo. Eu também. Verde é a cor da esperança.

Eu queria de todo jeito ir embora. Mas o Bruno me convenceu a irmos ao centro da cidade. Lá, a situação estava um pouco melhor, a avenida principal está suja (tudo está sujo lá), mas percebe-se que as pessoas estão se esforçando muito para manter limpo. Alguns tetos já não têm cinzas. As lojas funcionam, algumas com até 40% de desconto (promo del vulcán).

Além do mais, nossos amigos natalenses chegaram e disseram que o Cerro Bayo estava ESPETACULAR para esquiar. Tudo funcionando, mas vazio, o que era bom para nós, um bando de iniciantes, sem precisar atropelar ninguém nem ser atropelados nas pistas. E as crianças? Bom, para elas, tudo é festa!

mesmo com cinzas, a neve estava perfeita
mesmo com cinzas, a neve estava perfeita

E além do mais, iríamos passar grande parte do tempo DENTRO das cabanas, cozinhando e tomando vinho, enquanto as 6 crianças corriam como loucas pela casa. Isso era um convite bom.

Villa la Angostura: um povo valente

Com o passar dos dias, comecei a lembrar da beleza que me encantou na cidade. As pessoas são a maior bênção de Villa, e os bravos que continuam lá me mostraram isso. Conversando com eles, vi que eu também, por todo amor que tenho por Villa, não poderia abandoná-los. E fomos ficando.

O Cerro Bayo estava realmente espetacular, no primeiro dia em que subimos, só fiquei observando os meninos no esquibunda, e fazia muito frio, me impedindo de ficar lá fora. No dia em que decidi esquiar o céu nos brindou com um dia ESPLENDOROSO: sem frio lá em cima, mas com uma neve deliciosa. PERFEITO.
Devo meus dias tranquilos lá a todos que me acompanharam, minha família: Bruno, Léo e Arthur, meus sogros Carminha e Lourenço, que sempre me surpreendem com sua capacidade de serem tão bons e não reclamarem nunca de nada, mesmo quando a situação é difícil.
Carla, Ugo, Luca e Enzo; Alê, Simarone, Pepo e Sofia, vocês também foram essenciais para que nossa viagem, apesar das cinzas, fosse tudo de bom!

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Um comentário

  1. Anônimo

    Olá
    Alguém sabe me dizer se vale a pena fazer a travessia de Pueto Varas à Bariloche? A paisagem foi prejudicada pelas cinzas do vulcão? Estou com viagem marcada para 10 de setembro e super preocupada.
    Obrigada
    Selene

  2. Kal

    Adriana, boa noite!

    Muito bacana o seu depoimento. Estou com viagem marcada para Villa em outubro e estou no maior dilema: se vamos ou não, mas, acredito, que mesmo assim, vale a pena.

  3. Ugo

    Adriana,
    Como vcs sabem, foi nossa terceira vez em Villa e também tenho a sensação de me sentir em casa nesse pequeno vilarejo que fica do outro lado do continente (já que nós moramos na esquina do Brasil, lá em cima do mapa). Tenho certeza que na próxima estação, Villa vai recuperar o brilho de sempre, apesar de tudo, do vulcão, das cinzas e principalmente da Aerolíneas Argentinas…
    Ugo
    Natal-RN

  4. Carla Mara

    "Com o passar dos dias, comecei a lembrar da beleza que me encantou na cidade. As pessoas são a maior bênção de Villa, e os bravos que continuam lá me mostraram isso. Conversando com eles, vi que eu também, por todo amor que tenho por Villa, não poderia abandoná-los."

    Dri,o seu relato foi muito real.
    Acredito que agora voce entende a minha felicidade e alegria no dia que nos encontramos a tarde no centro…. No dia 5 de agosto nevou bastante em toda cidade e a beleza ficou ENCANTADORA….Unica!

    Carla Mara

  5. Bruno Lourenço Reis

    As cinzas não são nada perto dos chocolates, vinhos, sorvetes, cervejas e o povo de lá… gosto muito!!! E difícil mesmo é o clima aqui de Brasília. Em menos de 24 horas já tá todo mundo aqui em casa tossindo… ô secura!

  6. Expedição Andando por aí...

    Essa parte do relato:
    "Com o passar dos dias, comecei a lembrar da beleza que me encantou na cidade. As pessoas são a maior bênção de Villa, e os bravos que continuam lá me mostraram isso. Conversando com eles, vi que eu também, por todo amor que tenho por Villa, não poderia abandoná-los. E fomos ficando…"
    Me emocionou…
    Se eu pudesse iria para lá agora mesmo…
    Bjs
    Carla

  7. María

    GRACIAS POR VISITARNOS!!!

  8. Karla Costa

    Adorei o seu blog. Emocionante relato. Li pensando que exatamente isso aconteceria comigo se tivesse ido com meus filhos. Nós íamos para Bariloche, pela primeira vez, dia 25 de julho. Tudo já pago e programado e 2 dias antes a AA cancelou minha volta. As crianças choraram, eu fiquei triste de vê-los assim, pois nós, assim como vcs queríamos ir de qualquer maneira, mas não deu. Ano que vem, se Deus quiser e a AA devolver o dinheiro q paguei pelas passagens iremos. Isso se o vulcão deixar não é?!

  9. Anônimo

    Adriana, mi nombre es Mariana y vivo en Villa La Angostura. Soy amiga de Nancy y Sergio de Cabañas La Estancia.
    Agradezco tus palabras, tu publicación entera, es muy conmovedora y ojalá los que la lean puedan decidir venir a visitarnos a pesar de las cenizas.
    Hoy mas que nunca nuestro pueblo necesita de gente como uds que a pesar de todo nos siguen eligiendo como destino turístico! Esa es la única y mejor manera para poder reactivar nuestra economía!!!!
    Muchas gracias. Mariana.

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