O vulcão Cotopaxi é um dos cartões postais mais impressionantes do Equador — e um dos vulcões ativos mais altos do mundo. Ele atinge 5.897 metros de altitude, com uma forma quase perfeita de cone coberto de neve o ano inteiro. Está localizado a cerca de 55 km ao sul de Quito, dentro do Parque Nacional Cotopaxi, e domina a chamada Avenida dos Vulcões, uma cadeia montanhosa que corta o país de norte a sul.
O Cotopaxi é ativo, sim. Sua última erupção significativa ocorreu em 2015, quando lançou cinzas e gases que chegaram até Quito e Latacunga. Antes disso, teve outras grandes erupções nos séculos XIX e XX — mas hoje é monitorado de perto e o parque só abre quando há segurança para os visitantes.
E ele é visível de vários pontos do Equador, inclusive da própria capital. Em dias limpos, é possível ver o pico nevado do Cotopaxi desde Quito. Mas a gente não teve essa sorte: não vimos nem em Quito, nem nas duas vezes em que percorremos a famosa Avenida dos Vulcões.
Veja o vídeo que fiz sobre a visita ao Cotopaxi

Do agito de Baños à tranquilidade do Parque Cotopaxi
Fomos conhecer o vulcão nos últimos dois dias da viagem pelo Equador. Saímos de Baños, um destino vibrante e lotado de turistas, com clima quase de floresta amazônica, conhecido por cachoeiras e tirolesas, e depois de cerca de duas horas de estrada, chegamos à entrada sul do Parque Nacional Cotopaxi. Uma paisagem e uma vibe completamente diferentes.
A entrada do Parque é gratuita e na portaria tem restaurante, banheiros e lojinhas. O tempo estava fechado, chuvoso, e eu já temia não conseguir ver o gigante. As estradas dentro do parque são de terra e, em alguns trechos, bem irregulares — mas a paisagem compensa. Em um trecho da estrada em direção ao nosso alojamento, ele surge por trás das nuvens. O colosso Cotopaxi se mostrando pra nós logo na chegada. Claro que paramos o carro na hora pra tirar umas fotos e admirar o gigante!



Onde ficar: Tambopaxi Lodge
O Tambopaxi Lodge é o único hotel dentro do parque. Suas construções vermelhas contrastam com a paisagem árida e parecem brotar do deserto andino. Ficamos na Cabana Gold, simples mas aconchegante, com lareira fechada (que realmente esquenta e é segura) e uma vista de cair o queixo: se as nuvens permitirem, o Cotopaxi aparece bem na janela do quarto. Na frente da nossa cabana, ficavam desfilando cavalos selvagens.


O hotel tem uma estrutura excelente, com restaurante panorâmico, sala de leitura e de estar, todas voltadas para o vulcão. A altitude do Tambopaxi é de cerca de 3.700 metros, então o frio é garantido — leve roupas bem quentinhas, principalmente para a noite.
A trilha até o refúgio do Cotopaxi
Nosso objetivo era fazer a famosa trilha até o refúgio José Ribas, o ponto onde os alpinistas descansam antes de tentar o cume. Descobrimos que nosso carro comum não chegaria até o estacionamento de onde a trilha começa. Então, durante o café da manhã, o garçom super atencioso do hotel nos apresentou à Estela, que tinha uma caminhonete. Ela chegou em meia hora e cobrou US$ 60 para nos levar até lá e depois trazer de volta.
E, realmente, nosso carro não daria conta. A estrada é íngreme, pedregosa e escorregadia. Chegamos ao estacionamento por volta das 9h30 da manhã, a 4.640 metros de altitude. Havia poucos visitantes — só um grupo de quatro pessoas iniciando a subida — e começamos nossa caminhada.
A trilha é curta, mas intensa. Se quiser ir mais tranquilo, como eu, faça em zigue zague. São cerca de 200 metros de desnível, terminando no refúgio José Ribas (4.864 m). O ar é rarefeito e o corpo sente a altitude, a respiração fica bem mais ofegante. Mas eu fui bem! Caminhei com calma, curtindo a vista, e terminei em cerca de 45 minutos. Agradeci porque o Cotopaxi estava totalmente visível o tempo todo, mesmo com o tempo nublado. Papai do céu foi generoso com a gente — vi relatos de pessoas que subiram e não viram absolutamente nada, enfrentando neve e vento.

No refúgio do Cotopaxi
Chegar ao refúgio é uma sensação incrível. Lá em cima, funciona uma pequena cafeteria, e nada melhor do que um chocolate quente fumegante. Dali partem os alpinistas mais experientes, que sobem até o cume do Cotopaxi de madrugada, usando crampons e equipamentos técnicos, com guia. Definitivamente não é o meu caso — fico feliz só de ter ido até o refúgio. 😅

Na descida, cruzamos com várias pessoas subindo: crianças, grupos grandes, gente sem muito preparo físico. É uma trilha democrática, acessível a quem tiver disposição e um pouco de fôlego.
Voltamos de caminhonete com a Estela até a parte plana e pedimos pra ela nos deixar a 3,7 km do hotel, pra voltarmos caminhando. A ideia era curtir o visual… até que o tempo virou. Chuvisco com trovões, e eu morrendo de medo de raio. Quase corri o km final. 😬Destaque para as placas de fluxo piroclástico no caminho e para as rotas de evacuação em caso de erupção, que, por sinal, estão bem detalhadas em qualquer lugar do Tambopaxi.
Nós tínhamos comprado vinho antes, que abríamos à noite para brindar a oportunidade de estarmos ali. Mas no restaurante também tinha.

No dia em que fomos embora, tomamos café da manhã e pegamos o carro. Paramos na laguna Limpiopungo, que fica ali no parque, bem em frente ao Cotopaxi, com uma pequena trilha circular, mas não fizemos a trilha toda. Tinha uma lhama e 3 vicunhas no caminho, parecia que para se despedir de nós. Mais uma bênção nos dois dias lindos que passamos ali.

Dicas práticas
🗻 Altitude máxima em que chegamos: 4.864 m no refúgio
🚗 Distância de Quito: cerca de 55 km (1h30 a 2h de carro)
💰 Entrada: gratuita
🌦️ Clima: imprevisível — leve casaco impermeável e vá preparado para frio e vento
🧭 Melhor horário para ir: de manhã cedo, antes das nuvens cobrirem o vulcão
🏨 Onde ficar: Tambopaxi Lodge (único dentro do parque). Do lado de fora do parque tem outros alojamentos, mas certeza que nenhum tão charmoso e com vista tão linda.
🚙 Transporte do lodge até o estacionamento: tem que ser veículo 4×4 – contratamos uma caminhonete local (~US$ 60, ida e volta)




Achei o Tambopaxi Lodge um charme. Deve ter sido uma experiência incrível, mas confesso que não tenho muita vontade de subir vulcões.
Foi realmente bem legal, valeu demais a experiência!
Que aventura, Adriana! Nem sabia da possibilidade de visitar um vulcão ativo no Equador – aliás, dentre os países da América do Sul, o Equador é um dos menos famosos. Adorei saber mais sobre o Parque Nacional Cotopaxi. E esse restaurante panorâmico, que demais! as janelas parecem quadros!
Pois é… tem pouquíssimos brasileiros por lá. Mas o Equador merece mais atenção, é um país massa!