A festa de casamento na Índia dura vários dias como na novela? Num casamento indiano, o noivo chega a cavalo? É verdade que a noiva deixa sua família e todas as suas coisas para trás para morar com a família do marido? Nesta série de posts sobre o casamento indiano, minha amiga Ana Shah compartilha sua experiência no casamento de seu cunhado em Ahmedabad, Índia, mostrando que vale a pena Atravessar Fronteiras e conhecer a milenar cultura indiana. Muito obrigada a Ana por compartilhar tanta novidade interessante. E saiba que o post não acaba aqui…
Maulik e sua noiva Dhara
Antes de começarmos, é importante pontuar que a Índia abriga diferentes planetas dentro dela. Cada estado tem uma cultura diferente e inclusive fala uma língua diferente. A maior parte dos indianos é hindu, seguidos de muçulmanos, cristãos, sikhs, budistas e jainistas. A família do meu marido é hindu, do estado de Gujarat e falam o idioma Gujarati. Portanto, o que descrevo para vocês está relacionado a esse recorte da Índia.
Os preparativos para um casamento indiano
Os indianos são muito vaidosos em relação a roupas e jóias. Um mês antes do casamento, já estavam rolando as fotos dos figurinos no grupo de whatsapp da família para todos os demais opinarem. E isso não é uma exclusividade das mulheres, como imagino que seria aqui no Brasil. O comportamento é o mesmo para homens, mulheres, jovens ou mais velhos. Foi muito legal ver e participar disso tudo. Tive a oportunidade de ir ao shopping procurar algumas peças que faltavam para meu marido, meu sogro e meu cunhado e é muito interessante ver como eles são super criteriosos – e a paciência que eles têm para experimentar tudo até encontrar algo com o caimento perfeito (bem diferente do homem brasileiro). O mesmo para escolher os vestidos e saris que eu usaria: não é uma atividade apenas feminina escolher, analisar, dar opinião. É uma coisa de família, sem distinção de gênero. E não é por obrigação: eles parecem ter prazer em fazer isso.
São vários dias de eventos e, portanto, vários os looks que precisam ser providenciados. Minha família é muito organizada nisso. Cada um tinha uma pequena mala com as roupas que seriam vestidas em cada dia, por ordem de uso. O responsável por organizar e manter essas malas era o primo Jainit – gosto de contar esses detalhes, para pensarmos nas diferenças culturais entre Brasil e Índia. Antes disso, eu tinha sido a responsável por fazer uma lista para cada pessoa da casa com a roupa de cada dia, anotando e gerenciando o que estava faltando para cada um – sapato para dia tal, cinto para dia tal etc.
E ainda tinham as jóias! Eu nunca fui muito ligada em jóias, mas admito que é fascinante. Elas foram buscadas no cofre do banco alguns dias antes. Quais seriam usadas em que ocasião também foi detalhadamente planejado. Eu tive muita dificuldade, por causa da grossura dos pinos dos brincos de ouro, que nem passavam no furo da minha orelha (acreditem!). E aqueles que eu dava conta de colocar (com muita dificuldade) tinham um peso que era difícil aguentar, parecia que minha orelha ia rasgar. Coisas que a gente nem imagina…
Foram basicamente sete dias de função do casamento. Os familiares começaram a chegar dois dias antes da primeira cerimônia. Tínhamos uma roupa especial já a partir desses primeiros dias.
A família alugou mais dois apartamentos no mesmo prédio para alojar os convidados que vinham de outras cidades. Contrataram um serviço de buffet que preparava todas as refeições embaixo do prédio (“debaixo do bloco”, como diríamos aqui em Brasília), durante todos esses dias. A casa estava toda enfeitada por ocasião do casamento.
Muita gente
Era muita gente, por todo lugar. Para vocês terem uma ideia, num dia após o almoço, não achei nem uma cama nem um espacinho sequer no sofá para tirar um cochilo – fui, literalmente, dormir no banco da praça.
Eu estava muito nervosa, porque logicamente havia uma curiosidade de todos para conhecerem a “firangi estrangeira”*.
Pausa para explicação: firangi quer dizer “estrangeira” em hindi. O termo “firangi estrangeira” foi popularizado pela novela global Caminho das Índias.
Nem todos falavam inglês, então também havia a barreira da comunicação. Mas aos poucos fui me ambientando e, em alguns dias, eu já estava super confortável para ser apresentada para as pessoas e tocar os pés dos mais velhos. Sim, nós abaixamos para tocar os pés dos familiares mais velhos, em sinal de respeito e como que pedindo uma benção.
As atividades que antecederam o casamento foram basicamente restritas à família do noivo, e a noiva nem estava presente (com exceção da noite da Garba – uma dança tradicional). Enquanto isso, a Dhara estava cumprindo os rituais com a sua família, dos quais também não participamos.
Pensem numa pessoa feliz quando me chamaram para fazer o mahendi (henna)! Dois artesãos de henna foram contratados e pintaram todas as mulheres da família em casa.
Pensa que é fácil não tocar em nada até secar… E depois não pode molhar a mão até o dia seguinte.
Os rituais começaram alguns dias antes do casamento. Fui incluída em tudo, aceita como parte da família. Peço desculpas, mas não saberei explicar para vocês o significado de todos os rituais, não só porque são muitos, mas também por estarem muito além da minha compreensão ocidental. A maior parte deles foi conduzida por um brâmane, que é um membro da casta sacerdotal.
Ana Shah é analista de TI e entusiasta do software livre. Pedagoga apaixonada por Educação, mãe, voluntária e interessada por tudo relacionado à cultura indiana – desde antes de “importar” o marido Saurabh da Índia. Inclusive, conheceu a Adriana Magalhães do Atravessar Fronteiras nas aulas de yoga para gestantes, em 2007. Escreve os blogs Amor Indiano, Animando-C e Apenas Mulheres de Verdade. Siga no Instagram.
Você gosta do nosso blog? Então lembre-se de nós quando precisar reservar hotel ou alugar carro. Afinal de contas, um blog independente como o nosso não tem outra fonte de renda. Pra ser mais legal ainda, coloque os links abaixo nos seus favoritos. Compartilhe, divulgue!
Já deixa os links nos seus favoritos, pra facilitar!!! Não custa nada pra você é para o blog já é uma grande ajuda! Nós ficamos agradecidos!!!
Booking.com
Que interessante! Muito legal conhecer mais sobre outras culturas. Por falar em Índia estamos indo em dezembro para esse destino super exótico.
Tudo lá deve ser muito diferente né?
Nossa, que diferente.
Muito interessante compartilhar um pouco de culturas pelo mundo.
Abraços
Thais
Muito legal, né?
Amei o post! Muito legal conhecer um pouco dos costumes deles. Tudo tão diferente!!!! Deve ter sido uma experiência incrível. Nós fomos convidadas para o casamento de um amigo indiano, mas não conseguimos ir… ficamos chateadas, pois teria sido muito legal participar
Muito diferente, né?
Que experiência essa da Ana! Queria ter um amigo indiano para ir num casamento assim e experimentar, por conta própria, tanta novidade que para a gente que nasceu do lado de cá do globo. Super grata por esse conteúdo!
Pois é… E a Ana provavelmente vai se casar na Índia. Aí eu não quero perder!
Que experiência, incrível! Nos filmes a gente vê só partes da cerimônia (normalmente dança, né? haha), legal ler sobre toda o preparativo e sua participação.
Muito legal, né? Tudo diferente do que estamos acostumados
Adorei o relato de tua amiga! E’ bastante diferente do que temos aqui no Brasil e eu acho que entendi quando a Ana quis dizer que tudo aquilo ali ia muito além da sua compreensão ocidental.
😉
A gente não tem nem dimensão, né? Tudo muito diferente
Que lindo texto. Fiquei emocionada com a sua experiência em participar dessa cerimônia tão importante na cultura indiada e, principalmente, de você ter sido acolhida pela família, participando de tudo. Muito interessante todos os detalhes.
Pois é, minha amiga estava nervosa se a família de seu marido ia acolhê-la ou não, mas deu tudo certo e ela amou participar
O seu post me fez lembrar quando fui à Turquia e o guia teve que dismistificar uma série de preconceitos criados por uma novela que passava na altura. Gostei muito do seu post e acho muito importante partilhar estas informações que nos ajudam a preparar para culturas tão diferentes da nossa e, por isso, tão fascinantes!
Pois é… as novelas as vezes expõem estereótipos que não são legais, né?
Nossa, eu ia amar participar de uma festa de casamento indiano! Mas iria à falência com tantos looks assim rs. Amei o post. Obrigada por compartilhar!
Ah, com certeza. Uma roupa pra – sei lá – 5 dias de festa? Haja grana!
Nossa, que demais! Nunca tinha lido relatos sobre casamentos indianos, mas deve ser uma experiência incrível participar de um.
Muito legal mesmo, né?
Adorei conhecer todos esses detalhes. Tenho uma amiga que também participou de um casamento indiano, mas ficou uma semana descascando gengibre…rsrsrsrs Achei uma pena que não consegui participar de um quando estive na Índia, mas parece que não era “época”. Obrigada por nos contar tudo!
Kkkkkk. Uma semana descascando gengibre, ninguém merece!