Dicas para viajar com crianças sem traumas
“Mamãe, quero fazer cocô”. Essa é apenas uma das muitas situações constrangedoras quando se inventa de viajar com crianças. E é assim mesmo. Aqui conto algumas histórias engraçadas que já passei nesses 11 anos de viagens com meus filhos e mostro que é possível viajar e se divertir muito com os pequenos.
Cocô na Ilha de Páscoa
– Estávamos entrando numa verdadeira plantação de Moais, na Ilha de Páscoa, lugar que parece ter sido tirado de outro mundo. Era Rano Raraku, onde os moais eram construídos e onde existem ainda nada menos que 397 moais ainda enterrados na montanha. Quando tínhamos andado uns 500 metros, eu louca para ver de perto os moais, o Léo, que tinha 4 anos, fala: “mamãe, quero fazer cocô”. Que outra solução eu tive que voltar ao centro de visitantes, pagar um dólar por um banheiro mambembe que eles tinham por lá e adiar por quase uma hora vista dos moais?
Clique aqui para ver essa visita aos moais.
Estragando o banheiro do Palácio da Alvorada
– Em outra oportunidade, fomos visitar o Palácio da Alvorada, em Brasília. Passamos uns 40 minutos no centro de visitantes, esperando nossa vez de entrar. Assim que pegamos uma van e paramos em frente ao Palácio, o Léo me diz: “mamãe, quero fazer cocô”. Eu fiquei me perguntando por que ele não falou isso lá no centro de visitantes, que tinha banheiro à vontade.
Perguntei para a guia se tinha banheiro disponível para os visitantes no Palácio. Ela disse que não. Eu falei: “criança não espera”. Super solícita, a guia falou com o segurança e nos levaram para o banheiro feminino ao lado da sala onde a presidente recebe os chefes de estado. O banheiro era lindo, todo de mármore, e eu disse para o Léo que aquele banheiro já tinha sido usado por gente muito importante, como Angela Merkel, Michelle Obama e Cristina Kirschner. Ele ficou todo orgulhoso de ter usado um banheiro tão importante e até hoje conta para todo mundo a história.
– Aliás, esse assunto, por mais constrangedor que seja, deve ser levado em consideração por pais de crianças viajantes. Já tive filho com diarreia nos lugares mais insólitos, como no maior São João do Mundo (em Campina Grande), ou numa piscina natural em Pipa/RN. Arme-se com óleo de peroba e lenços umedecidos e siga em frente.
Não queira fazer viagem de adultos
– Já tínhamos visitado Paris algumas vezes sozinhos quando decidimos levar os meninos. Fizemos uns roteiros que achamos que eles iam gostar muito (mas sempre tendo o cuidado de não cansar). Mas viagem com crianças DEFINITIVAMENTE não é igual à dos adultos: eles têm outras prioridades, eles se cansam rápido, eles pedem para voltar para casa, seja qual for a idade. Estávamos andando de Batobus (o barco que percorre os principais monumentos de Paris no rio Sena) e os meninos sequer olhavam para fora. Estavam cansados, queriam voltar. Fazer o quê?
E quando as crianças adoecem?
– Meu filho mais velho, o Arthur, tinha bronquite quando pequeno. Nas nossas viagens para o exterior, item imprescindível sempre foi o seguro de viagens. Sempre usamos muito. Se não fosse por esses seguros, em que o médico chegava a ir ao hotel para avaliar a criança, a viagem estaria ameaçada a acabar. Aqui tem um site que faz diversas cotações de seguro de viagens. Sugiro você nunca sair do Brasil sem um seguro.
– Tenha sempre em mente que você NUNCA vai ver tudo da mesma forma que queria levando crianças. As noites acabam mais cedo, você volta para casa com meninos morrendo de sono às 10 da noite, quando a vontade era ficar bem mais. Você planeja um dia inteiro de turismo de adultos, mas eles encontram um parquinho em que você passa mais de uma hora para satisfazer os pequenos. Claro. Eles também têm direito de ter a viagem para eles também.
– Estávamos no Vale do Loire e os meninos enjoaram de castelos. Confesso que eu também. Dedicamos uma manhã inteira visitando um belíssimo aquário no Vale do Loire, o Grand Aquarium de Touraine. Com a condição de que visitaríamos uma vínicola depois. Tudo negociado.
Clique aqui para saber como foi essa visita ao Vale do Loire.
Busque programas infantis
– Em nossas viagens, sempre tentamos incluir visitas a parques infantis, museus de ciência, museus para crianças. Ficar em casa também é importante. Eles gostam muito mais do que nós de ficar de bobeira no hotel ou no apartamento alugado. Respeitamos isso dentro do limite do razoável.
– As visitas a museus “de adultos” também têm que ser repensadas ou até encurtadas. O maravilhoso Museu de Antropologia da Cidade do México mereceu menos de 3 horas de visita, os dois já estavam entediados e reclamões depois disso. Nada de estudar minuciosamente um museu antes de chegar e esperar conhecer tudo com criança. Pelo menos, comigo não funciona assim. Eles cansam. E é absolutamente compreensível.
Hotéis para crianças
– Eu acho chato ir a restaurantes com meninos o tempo todo, além de caro. Então sempre optamos por ficar em hospedagens em que se pode cozinhar. É uma mão na roda, por exemplo, não ter que sair à noite para comer depois de um dia inteiro numa estação de esqui ou num parque da Disney. Aqui, coloco opções de hotéis em que cozinhamos e foi uma maravilha.
* Orlando – Parkway International
* Villa la Angostura – Cabanas La Estancia – Encanto del Rio – Marinas Alto Manzano – Guardianes del Bayo – Cabanas Huitan-Co
* Bariloche – Bungalows Unsur – Bungalows Bosque de Los Elfos – Departamento Costanera –
* Paris – Apartamento Lovely flat / Arc De Triomphe
Depois de tanta dica e precaução, você pode estar se perguntando: será que vale à pena levar os meninos para viajar? Arthur tem agora 11 anos e o Léo tem 8. Visitamos recentemente as praias do desembarque do dia D, na Normandia (França) e eles ficam felizes de contar a experiência na escola. Nunca vão esquecer. São conhecidos como crianças que sabem muito do mundo e do Brasil. Arthur AMA história e acho que isso é influenciado pelas viagens. Foi especial ter visitado Ouro Preto na mesma época em que ele estudava a inconfidência mineira na escola. Isso não se compra. É um legado que se deixa.
Também fica guardada na memória a expressão de seus rostos ao mergulhar e ver uma arraia grandona, por exemplo. Ao se deparar com os moais na Ilha de Páscoa. Ao ver pessoalmente no Rio de Janeiro tantas paisagens já conhecidas pela TV. Ao brincar um dia inteiro na neve ou conhecer as cataratas do Iguaçu. Ou ouvir suas gargalhadas num espetáculo de luta livre no México. Não tem preço.
Além disso, as viagens preenchem a alma, moldam sua percepção do mundo, te deixam mais abertos às diferenças. Viajar é um investimento para a vida. Nada como proporcionar isso também aos filhos.
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